quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
sábado, 5 de setembro de 2009
«Os sufis representam a tendência mística do Islão. Ao contrário da maioria dos muçulmanos, que acredita que a proximidade com Deus pode ser alcançada apenas após a morte, os sufis acreditam que é possível ter a experiência da proximidade de Deus em vida. De modo a alcançar esta proximidade, a pessoa necessita de fazer uma viagem, conhecida como tariqas (literalmente, "o Caminho"), sob orientação de um guia espiritual. A viagem requer que se façam orações extra, conhecidas como zikr (recordação de Deus). Os sufis também acreditam na "unidade do caminho" e defendem que todas as vias espirituais se dirigem a um só e ao mesmo Deus.
O sufismo surgiu cedo na história do Islão, como reacção contra o puritanismo e o legalismo árido. Hasan al-Basri (m. 728), que foi educado por Umm Salama, uma das mulheres do Profeta, estabeleceu-o como movimento. al-Basri declarou que os muçulmanos deveriam procurar a "doçura" durante a oração, ao recordar Deus e enquanto lêem o Alcorão.
O primeiro místico islâmico que se reconhece é Rabia al-Basri, cuja vida se encontra envolta em mistério. Sabemos que era uma escrava liberta e que se retirou para o deserto, onde viveu uma vida de pobreza. Rejeitou numerosas propostas de casamento; no entanto, aceitou Hasan al-Basri como aluno. É reconhecida pela sua poesia mística, alguma da qual se encontra hoje acessível ao público. A Rabia al-Basri atribui-se a noção de amor incondicional que se encontra presente na sua célebre oração: "Ó Deus, se rezo a Ti por medo ao inferno, então queima-me no Inferno. Se rezo a ti na esperança do Paraíso, exclui-me do Paraíso. Mas se rezo a Ti por Ti, não me negues a Tua infinita Beleza."
O objectivo da vida sufi é o alcançar fana, ou aniquilação do ego. O primeiro passo em direcção a fana é o abandono do materialismo. O termo sufi tem origem na palavra Suf, que significa "lã". Os sufis usavam mantos feitos a partir de lã não colorida como símbolo da sua renúncia ao mundo e aos seus prazeres. O incidente mais célebre relacionado com o alcance do estado de fana é atribuído a al-Hallaj (m.922). Enquanto se encontrava num estado de êxtase, Al-Hallaj proferiu as palavras: "Eu sou a Verdade." Tal levantou probelmas com as autoridades religiosas. Al-Hallaj recosou-se a pedir perdão; na realidade, reperiu a perfomance em várias ocasiões. No final, por insistênci sua, foi executado.
A história muçulmana encontra-se cheia de grandes místicos sufis. O andaluz ibn Arabî (m.1240) é considerado um dos maiores de todos os tempos. O sufi turco Jalal-al-Din Rumî (m.1273) tem uma reputação semelhante. Estes ilustres sufis estabeleceram as suas próprias tariqas, que ainda hoje são seguidas pelos seus discípulos.
O sufismo tem sido um grande estímulo para a poesia e a literesatura. Mathnavi, por Rumî, que se encontra repleto de parábolas e histórias, é lido extensivamente poir muçulmanos em toda a parte. Poesia persa e urdu de extrema qualidade têm origem no sufismo, por exemplo, a obra de Omar Khayyam (m. 1124), Sadi (m.1292), Hafiz (m. 1390) e, mais recentemente, Mohammad Iqbal (m.1938).»
Excerto do livro "Em que acreditam os Muçulmanos?" de Ziauddin Sardar
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
domingo, 16 de agosto de 2009
'Itimad
trago-te sempre no coração.
Te envio um adeus feito paixão
e lágrimas de pena
com insónia.
Inventaste como possuir-me
e eu, o indomável submisso
vou ficando!
Meu desejo é estar contigo
sempre.
Oxalá se realize tal
vontade!
Assegura-me que o juramento
que nos une
nunca a distância o fará
quebrar.
Doce é o nome que é o teu
e que deixo escrito no
poema: 'Itimad.
Almu'tâmide ibn´Ab.bade
sábado, 18 de julho de 2009
segunda-feira, 6 de julho de 2009
A FÊNIX
Na Índia vive um pássaro que é único: a encantadora fênix tem um bico extraordinariamente longo e muito duro, perfurado com uma centena de orifícios, como uma flauta. Não tem fêmea, vive isolada e seu reinado é absoluto. Cada abertura em seu bico produz um som diferente, e cada um desses sons revela um segredo particular, sutil e profundo. Quando ela faz ouvir essas notas plangentes, os pássaros e os peixes agitam-se, as bestas mais ferozes entram em êxtase; depois todos silenciam. Foi desse canto que um sábio aprendeu a ciência da música. A fênix vive cerca de mil anos e conhece de antemão a hora de sua morte. Quando ela sente aproximar-se o momento de retirar o seu coração do mundo, e todos os indícios lhe confirmam que deve partir, constrói uma pira reunindo ao redor de sí lenha e folhas de palmeira. Em meio a essas folhas entoa tristes melodias, e cada nota lamentosa que emite é uma evidência de sua alma imaculada. Enquanto canta, a amarga dor da morte penetra seu íntimo e ela treme como uma folha. Todos os pássaros e animais são atraídos por seu canto, que soa agora como as trombetas do Último Dia; todos aproximam-se para assistir o espetáculo de sua morte, e, por seu exemplo, cada um deles determina-se a deixar o mundo para trás e resigna-se a morrer. De fato, nesse dia um grande número de animais morre com o coração ensanguentado diante da fênix, por causa da tristeza de que a veem presa. É um dia extraordinário: alguns soluçam em simpatia, outros perdem os sentidos, outros ainda morrem ao ouvir seu lamento apaixonado. Quando lhe resta apenas um sopro de vida, a fênix bate suas asas e agita suas plumas, e deste movimento produz-se um fogo que transforma seu estado. Este fogo espalha-se rapidamente para folhagens e madeira, que ardem agradavelmente. Breve, madeira e pássaro tornam-se brasas vivas, e então cinzas. Porém, quando a pira foi consumida e a última centelha se extingue, uma pequena fênix desperta do leito de cinzas.
Aconteceu alguma vez a alguém deste mundo renascer depois da morte? Mesmo que te fosse concedida uma vida tão longa quanto a da fênix, terias de morrer quando a medida de tua vida fosse preenchida. A fênix permaneceu por mil anos completamente só, no lamento e na dor, sem companheira nem progenitora. Não contraiu laços com ninguém neste mundo, nenhuma criança alegrou sua idade e, ao final de sua vida, quando teve de deixar de existir, lançou suas cinzas ao vento, a fim de que saibas que ninguém pode escapar à morte, não importa que astúcia empregue. Em todo o mundo não há ninguém que não morra. Sabe, pelo milagre da fênix, que ninguém tem abrigo contra a morte. Ainda que a morte seja dura e tirânica, é preciso conviver com ela, e embora muitas provações caiam sobre nós, a morte permanece a mais dura prova que o Caminho nos exigirá".
SOBRE A CALÚNIA
Não fales mal sobre o "bom" e o "mau", pois podes enganar-se com o primeiro e tornar-se um inimigo do último.
Saiba que quem difama a outrem revela suas próprias faltas.
Se falas mal de alguém és pecador, mesmo se o que dissestes é verdade.
A PEREGRINAÇÃO
Um dia, quando o Shaykh Abd Allah Mubarak (736-798) encontrava-se em Makka, viu em sonhos dois anjos descerem dos céus, perguntando-se quantos peregrinos haviam acudido aquele ano: "Seiscentos mil", disse um deles. "E quantos há cuja peregrinação tenha sido aceita?" "Nem um sequer", respondeu o outro anjo. "Entretanto, acrescentou, há em Damasco um sapateiro chamado Ali ibn Mufiq, que não efetuou a peregrinação em pessoa; pois bem, sua peregrinação foi aceita e lhe foi concedida a graça dos seiscentos mil peregrinos".
Quando despertou, o shaykh decidiu ir à Damasco conhecer aquele sapateiro. Finalmente o encontrou e lhe contou seu sonho.
Era um ancião que, ao ouvir aquele relato, começou a chorar. Contou que trinta anos antes, após haver poupado, a custa de grandes penas, trezentas e cinquenta moedas de ouro para ir a Makka, soube que seus vizinhos passavam fome. Então, entregou-lhes a soma dizendo-lhes: "Tomem o dinheiro para atender a vossos gastos, esta será a minha peregrinação".
A ANCIÃ DE CORAÇÃO QUEIMADO
Um dia, no mercado de Bagdá, instalou-se um incêndio violento. Todos se puseram a gritar. O fogo provocou um enlouquecimento como no Juizo final.
Uma anciã aflita, bastão na mão, chegava não se sabe de onde. Alguém lhe disse: "Estás louca, não sigas, tua casa incendiou-se".
"Cala-te", respondeu ela, "Tu estás mais louco do que eu. Alláh nunca fará arder minha casa".
Extinguido o fogo, viram que muitas casas haviam queimado, mas a casa da senhora estava intacta.
Perguntaram-lhe: "Anciã, como sabias que seria assim?"
Ela humildemente respondeu: "Eu sabia que o fogo consumiria ou minha casa ou meu coração.
Mas Alláh, que já queimou meu coração na provação, não permitiria que minha casa também ardesse"
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Ibn Qasî
Ibn Qasî
sábado, 20 de junho de 2009
segunda-feira, 15 de junho de 2009
É uma pastagem para as gazelas,
E um claustro para os monges cristãos,
Um templo para os ídolos,
A Caaba do peregrino,
As Tábuas da Torá,
E o livro do Corão.
Professo a religião do amor,
E qualquer direção que avancem Seus camelos;
A religião do Amor
Será a minha religião e a minha fé."
Ibn Arabî
domingo, 14 de junho de 2009
acima das estrelas cintilantes!
une-te à Verdade!
quem as desprezou
ficou chorando por todas as coisas.
o olhar do mais firme
- tal como o céu -
convoca a beatitude da verdade clara.
descalça as sandálias sinceramente,
desde os umbrais do esplendor.
une-te ao Ser!
vale-te mais essa união
que todas as provas da Razão.
quem viu o que eu gritei à multidão
àcerca da realidade da união
tem de deixar o mundo da dualidade
que são duas sombras sob o sol.
o espírito venceu a dôr ao aproximar-se do distante.
ò mãe dos meus irmãos!
o Amado é o meu lado!
ò povo! se a paixão me der a morte
toma o meu amor, como vingança,
e vinga-me!
Ibn Qasî
minha alma nisso encontrará consolação;
se me impuseres a taça de veneno
meu espírito fará dele a sua bebida;
quando, no Dia da Ressurreição,
me erguer da poeira do meu túmulo
o perfume do Teu amor há-de
impregnar ainda a veste da minh´alma:
é que, mesmo que me tenhas recusado o Teu amor,
ter-me-ás dado uma visão de Ti,
confidente dos segredos escondidos.
Saadî
sexta-feira, 12 de junho de 2009
sábado, 6 de junho de 2009
Ibn Barrajân
Jâbir ibn Hayyân
Alquimista