olhai quão grande é o amor apaixonado
que é vício e delícia e fogo ardente.
não busqueis pelo amor um dominado
sede antes escravos pela sua lei
e assim sereis livres finalmente.
disseram:«fez-te o amor sofrer intensamente!»
«me agradam suas penas!» foi o que afirmei.
o coração quis doença p´ró corpo nos vestir
a liberdade de escolha eu lhe outorguei.
censurais-me de emagrecido andar.
mas a excelência d´adaga, a que se resume
senão à finura do seu gume?
troçaste por a amada me deixar
mas a noite derradeira de cada lunação
rouba dos olhares a face do crescente.
pensaste que a brisa da consolação,
como um sono profundo, está presente?
secou-se o amor com o fogo do amor
om ela ficará meu pranto defensor.
como o meu coração se lacerava
quando se inclinava graciosa
e a redenção das madeixas despontava!
a quem foi dado contemplar seu véu
escondendo uma manhã tão luminosa
que abraçava um nocturno céu?
dona da alma do jardim, é terno ramo,
coração de zimbro, corça que eu amo
o brilho do seu rosto amarfanhava
a própria lua em todo o seu esplendor
e o grasnar dos gansos em redor
era o ornamento que o cercava.
da noite da união nasce o dia enfim
e o odor da volúpia vem a mim.
minhas lágrimas caíram copiosas
sobre o belo jardim daquela face
assim humedecendo suas rosas
até que do destino o desenlace
me fez beber da taça da separação
e me tornei ébrio desde então.
Ibn ´Ammâr Al-Andalusî
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
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